RUBENS
MATUCK: UM ILUSTRADOR E ATIVISTA AMBIENTAL
(Neide
Medeiros Santos – leitora votante FNLIJ/PB)
A delicadeza do beija-flor e as proezas
acrobáticas do seu voo enchem os olhos de quem ama o milagre da vida.
(Thiago de Mello.
Amazonas: águas, pássaros, seres e milagres).
Em 2013 houve uma grande produção de livros
infantojuvenis com o olhar votado para a preservação dos pássaros, das matas,
da natureza. Isso se fez sentir tanto nos textos escritos como nas ilustrações.
Dentro desse universo, há um escritor/ilustrador que explora esses temas há
cerca de 20 anos – Rubens Matuck.
Quem é Rubens Matuck?
Rubens Matuck é formado em Arquitetura e Urbanismo pela
FAU/USP. É escritor e ilustrador de livros infantis, um defensor do meio
ambiente. A flora e a fauna do Brasil estão sempre presentes em seus textos de
forma engajada. É um ativista ambiental. Já publicou mais de 30 livros destinados
às crianças. Em 2013, publicou e participou como ilustrador de três livros que
receberam boa acolhida da crítica –
Buriti (Ed. Peirópolis); A Praça
(Ed. Ôzé), texto de Carlos Moraes e A
Perigosa Vida dos Passarinhos Pequenos (Ed. Rocco), texto de Míriam Leitão.
Os dois últimos livros citados receberam bonitas ilustrações de Rubens Matuck.
Um pouco de cada livro:
Buriti – O
buriti é a maior palmeira do Brasil, é conhecida como a árvore da vida,
denominação também dada ao baobá, na África, chega a atingir 30 metros de
altura. Neste livro, denominado por
Oscar D ´Ambrosio como “caderno de memórias ou lembranças de viagens”, Matuck
representa essa majestosa árvore utilizando desenhos em aquarela e lápis preto.
O livro foi resultado de uma pesquisa que durou vários
anos em diferentes cidades e nas regiões em que se encontra esta palmeira. O pesquisador/ilustrador
retomou o processo dos antigos livros manuscritos, antes do processo da
imprensa gráfica. Ao examiná-lo, parece que estamos diante de um livro antigo,
com apresentação em letra manuscrita, contendo anotações feitas pelo autor.
Dividido em três partes – O fruto do buriti, A palmeira e
a vereda, O veredeiro e suas artes, o leitor acompanha o nascimento do fruto,
local do cultivo; as veredas e o trabalho feito pelo homem (o veredeiro). Do
buriti, tudo se aproveita: o fruto é comestível, as folhas são transformadas em
fibras trançadas e utilizadas para fazer bolsas, chapéus, sandálias. A madeira serve para confecção de móveis,
mesas, cadeiras e até instrumentos musicais. Há uma informação interessante
sobre a flor do buriti – ela só floresce a cada três anos. A flor é amarela com
leves toques de laranja.
“Buriti” é um misto de livro de arte e de informação.
A Praça – Este
livro contém duas histórias, uma fictícia, criada por Carlos Moraes e outra
real, criação de Rubens Matuck. A praça é o motivo condutor dos textos. Carlos
Moraes apresenta a história de cinco adolescentes que, através de um trabalho
escolar, conseguem mudar a paisagem desolada e humanizar a praça que ficava nas
proximidades da escola. Foi um trabalho de conscientização da comunidade.
Matuck
trouxe para as páginas do livro uma história real de uma praça situada no
bairro Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. Os moradores desse bairro, com
incentivo do artista, têm participado ativamente da revitalização da praça.
Belas aquarelas, desenhos de árvores, pássaros e pessoas em atitude de
trabalho, tudo isso vem comprovar que quando existe cooperação é possível mudar
o mundo. Tanto na ficção como na vida
real, podemos transformar vidas.
A perigosa vida
dos passarinhos pequenos – Será que estamos diante de uma fábula moderna?
Sim, caro leitor, aqui os pássaros dialogam, se reúnem em assembleia, reivindicam
direitos, atuam como seres humanos. Míriam Leitão, jornalista, conhecida por sua
participação em temas econômicos e políticos, dá uma pausa nesses assuntos, se
volta para a ecologia e aparece como uma escritora engajada com o
reflorestamento da Fazenda Brejo Novo. Com a colaboração de Matuck, que tem
dedicado toda sua vida em defesa do meio ambiente, o livro traz o colorido dos
pássaros e o verde da mata.
Uma nota da autora esclarece que o lugar existe, fica em
Minas Gerais, perto do Rio de Janeiro e os pássaros habitam esse lugar sagrado
e intocado. Com a ajuda da família, ela criou uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN) e ninguém pode derrubar nenhuma árvore nessa área nem
aprisionar os passarinhos. Viva os passarinhos pequenos que habitam esse
paraíso!
Nas últimas páginas do livro, Matuck ilustrou os 14
passarinhos que participaram da história, entre eles, canarinho-da-terra, bem,
- te-vi, andorinha, coleirinho, beija-flor, sabiá-laranjeira e vários outros.
Houve a preocupação do pesquisador/ilustrador de acrescentar uma pequena
descrição de cada pássaro.
Esses livros vêm revestidos de beleza artística e contêm mensagens
de respeito à natureza e de amor aos pássaros e às árvores. São informativos e
artísticos ao mesmo tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário