quinta-feira, 21 de junho de 2012

Augusto dos Anjos para ler,recitar e cantar


Augusto dos Anjos para ler, recitar e cantar
(Neide Medeiros Santos – Crítica Literária FNLIJ/PB)

            De onde ela vem?! De que matéria bruta
            Vem essa luz que sobre as nebulosas
            Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
(Augusto dos Anjos. A Ideia).

Depois de quatro dias vivenciando intensamente a poesia de Augusto dos Anjos durante o I CONALI – Congresso Nacional de Literatura (3 a 6 de junho), o correio nos traz o livro “O Canto das Musas – poemas para conhecer, ler, recitar e cantar”, de Aline Evangelista Martins, Cibele Lopresti Costa e Péricles Cavalcanti, com organização de Zélia Cavalcanti. O livro foi  publicado  pela  Cia. Das Letras (2012) e inclui CD com poemas musicados por Péricles Cavalcanti.
Destinado aos jovens, este livro irá agradar não somente a este tipo de público, mas a todos aqueles que gostam de poesia e música.   Vinte e três poemas, todos de domínio público, de autores brasileiros e portugueses, estão distribuídos nas páginas do livro.   Augusto dos Anjos está presente com dois sonetos “A Ideia” (musicado) e “O morcego” (recitado).
Os textos cantados e recitados nos levam a um passado distante, parece que estamos em um grande sarau nas últimas décadas do século XIX e primeiros anos do século XX. Em nossa imaginação, podemos visualizar a casa-grande do Engenho Pau D´Arco sendo palco dessas recitações com os filhos de Dr. Alexandre Rodrigues dos Anjos declamando poemas de Castro Alves, Gonçalves Dias e sonetos de Camões.
 Os poetas escolhidos para interpretação musical foram: Gregório de Matos, Luiz Vaz de Camões, Olavo Bilac, Gonçalves Dias, Castro Alves, Ricardo Reis, Alphonsus de Guimaraens, Fernando Pessoa, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Machado de Assis e Antero de Quental. Para as récitas: Camões, Machado de Assis, Olavo Bilac, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Gregório de Matos, Fernando Pessoa, Antero de Quental, Alphonsus de Guimaraens, Gonçalves Dias e Castro Alves. Notamos que houve repetição dos poetas na escolha das récitas.  
Cada poema vem acompanhado de análise estilística e interpretativa, de informações sobre a vida do autor, o contexto histórico e o período literário em que a obra foi escrita. Um glossário com explicações sobre termos poéticos aparece nas últimas páginas do livro.
Péricles Cavalcanti, responsável pela parte musical, apresenta notas sobre a gênese das composições e afirma que às vezes teve que mudar de opinião e cita os poemas de Augusto dos Anjos. Ele pensou em musicar, inicialmente, “O morcego”, por sua estranheza e singularidade, mas examinando, de maneira cuidadosa, descobriu que “A Ideia” proporcionava uma fluência natural para a entoação resultante do texto. Assim, a parte musical ficou com “A ideia” e “O morcego” foi para a récita.     
            O soneto “A Ideia” exigiu muitas leituras das autoras. Ao lado da pesquisa sobre o vocabulário científico, aspectos fonéticos e estilísticos, elas se detiveram no momento histórico e social em que Augusto viveu e as correntes estéticas que podem tê-lo influenciado.
            O tema é a investigação da origem da ideia. “De onde ela vem?!” É a pergunta que aparece no primeiro verso do primeiro quarteto e se prolonga por toda estrofe. As interrogações se entrecruzam com as exclamações e tudo parece muito nebuloso. O vocábulo “absconso”, presente no primeiro terceto, cujo significado é oculto, misterioso, comprova que não é fácil entender de onde vem a ideia.
            A sonoridade poética do soneto traz a marca da recorrência aos sons consonantais que interrompem a saída natural do ar, isso faz com que a língua trave para a emissão do som. Aqui, não encontramos a musicalidade livre e natural de um Bandeira ou Cecília Meireles, poetas que usavam, com muita frequência, o uso dos sons vocálicos.   
            Quanto ao interesse que a obra de Augusto dos Anjos despertou e ainda desperta nos leitores, Aline e Cibele atribuem a “um estilo único, que traz palavras e temas inusitados para o gênero poético.” (p.99). O vocabulário científico utilizado pelo poeta produz imagens chocantes.
             Para o leitor adulto, este livro é um repositório de velhas lembranças, das leituras feitas na adolescência nos manuais de preparação para o exame de admissão (passagem do antigo primário para o ginásio). Os mais jovens terão a oportunidade de ler, ouvir e cantar ao som de ritmos variados – samba-canção, hip-hop, bossa-nova, balada pop, rock, valsa, folk.
            Para concluir, é válido repetir a frase de Charles Llody, transcrita na coluna de João Manoel de Carvalho (Contraponto: 08 a 14 de junho de 2012 – A - 3): 
            “Gostaria de mudar o mundo com a beleza da música.”


            O PRAZER PELA LEITURA
            (Talita Oashi)

            A leitura surgiu na minha vida através do amor que minha avó sempre teve pelos livros e pelo mundo encantado do faz de conta. Por ser professora, ela despertou em mim, ainda pequena, uma paixão pela arte de ler.
            Comecei minha experiência por Monteiro Lobato, com seus personagens adoráveis e astutos, naquele mundo, fantasiado por uma menininha espevitada chamada Emília. Em seguida, veio Fernanda Lopes de Almeida, Ana Maria Machado – “Bisa Bia, Bisa Bel”, Ziraldo, os contos envolventes de Machado de Assis e todo imenso universo jurídico que ainda me persegue nos dias de hoje.
            Sem sombra de dúvidas, houve aquele livro que me fascinou, que passou de um simples livro de cabeceira, - “O menino maluquinho”. Era um personagem alegre, tagarela, criativo e que não parava quieto. Acredito que me inspirava nele para aprontar as minhas travessuras.
            Com o avanço da tecnologia, a magia de leitura foi se perdendo aos poucos, pois muitas pessoas deixaram de lado o livro e o substituíram por um simples filme. Porém, nada mais se compara às emoções que sentimos quando criamos e imaginamos o cenário de um livro em nossas mentes.
            Contudo, mesmo diante de todas essas mudanças, a leitura será sempre essencial. É algo muito importante para o desenvolvimento do ser humano. É por meio dela que enriquecemos nosso vocabulário, adquirimos conhecimentos, ampliamos horizontes e, acima de tudo, obtemos um grande prazer. 
             
           











Um comentário:

Cibele Lopresti Costa disse...

Ficamos muito felizes por ter gostado d'O canto das musas. Esse poema, especialmente, nos encanta até agora.. e outros do autor tb!
E de tantos outros autores.
Abraço,
Cibele Lopresti Costa