domingo, 25 de setembro de 2011

Biblioteca Nacional: um tesouro inestimável


Biblioteca Nacional: um tesouro inestimável
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)

O livro é uma extensão da memória e da imaginação.
(Jorge Luis Borges)

A Biblioteca Nacional, também chamada de Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, está localizada na Avenida Rio Branco, 219, Praça da Cinelândia. No dia 29 de outubro de 2010, completou 200 anos de existência. A história dessa biblioteca foi contada por Luciana Sandroni no livro “Ludi e os Fantasmas da Biblioteca Nacional” (Ed. Manati, 2011), que recebeu ilustrações de Eduardo Albini.
Luciana Sandroni já escreveu vários livros para crianças. “Ludi e os Fantasmas da Biblioteca Nacional” integra a série de livros de muito sucesso, destacando-se” Ludi vai à praia”, “Ludi na TV” e” Ludi na revolta da vacina”. Por este último livro, a autora recebeu o prêmio Carioquinha da Prefeitura do Rio de Janeiro e o prêmio O Melhor para Criança da FNLIJ. Com “Minhas memórias de Lobato”, conquistou o prêmio Jabuti.
O leitor deve estar curioso para saber como surgiu a Biblioteca Nacional. A história é longa, requer pesquisas, mas com o auxílio de Luciana Sandroni tudo se torna mais fácil. A história vai começar...
D. João I, rei de Portugal, e fundador da dinastia de Avis, foi o idealizador da primeira biblioteca ou “livraria” de Lisboa, denominação dada antigamente às bibliotecas em Portugal. Esse monarca era amante de obras raras e adquiriu muitos livros para o acervo da biblioteca. Em 1755, ocorreu em Lisboa um terremoto que destruiu grande parte dos livros da biblioteca. Alguns anos mais tarde, D. José I, outro rei de Portugal, procurou refazê-la adquirindo novas aquisições de obras raras.
Quando Napoleão Bonaparte invadiu Portugal, a família real se transferiu para o Brasil e, no sufoco da fuga, os livros da biblioteca que estavam encaixotados para embarque ficaram esquecidos no porto, somente dois anos depois chegaram ao Brasil.
A Biblioteca Nacional foi criada em 1810 por D. João VI e funcionou, inicialmente, no prédio da Ordem Terceira do Carmo, que ficava nas proximidades do Paço Municipal. Antes de se instalar definitivamente no prédio da Avenida Rio Branco (1910), a biblioteca passou por outros lugares. Chegou a hora de acompanhar a família Manso e visitar a atual Biblioteca Nacional.
A família Manso, criação da escritora Luciana Sandroni, é constituída pelo casal Marcos e Sandra, pelos filhos Ludi, Rafa e Chico, além de Margarida, auxiliar dos trabalhos domésticos, carinhosamente chamada de Marga.
Sábado foi o dia escolhido para visitar a Biblioteca Nacional. Enquanto tomavam café, Dona Sandra começou a falar sobre as relíquias guardadas na Biblioteca, todos ouviam com atenção, estavam curiosos. Os meninos já imaginavam que naquele prédio antigo devia habitar fantasmas e pensavam em aventuras com esses seres cheios de mistérios.
A visita tem início com a descrição da biblioteca – um prédio em estilo eclético, que é uma mistura de vários estilos da arquitetura – clássico, medieval, barroco. O guia da visita foi o senhor Botelho, “um senhor gordinho, de gravata borboleta, que parecia saído de um filme da década de 1940”. (p.37)
Depois da descrição do prédio, o que mais chamou a atenção dos visitantes foi o salão enorme, todo de mármore e cheio de colunas, uns lustres muito bonitos e uma escadaria coberta por tapete vermelho. É um prédio de quatro andares e no teto se avista um vitral todo colorido, vindo da França. A biblioteca parece um verdadeiro palácio.
No acervo da biblioteca, além de muitos e muitos livros há outras preciosidades que a família Manso vai descobrindo aos pouquinhos. Na Sala dos Periódicos, há várias estantes e aparelhos de microfilme. Lá se encontram jornais antigos e contemporâneos. São 9 mil jornais de todos os estados do Brasil. Eles estão microfilmados e alguns digitalizados. É possível ler o exemplar número 1 do “Jornal do Brasil” e também o número 1 do” Diário de Pernambuco” que traz a data de 1825, o jornal mais antigo da América Latina.
Na Sala de Iconografia, estão os livros que possuem mais imagem do que texto. Nesta sala se encontram, ainda, desenhos, caricaturas e gravuras de artistas famosos, como Debret e Rugendas. Há, também, fotos de Marc Ferrez e de muitos fotógrafos que registraram imagens do Brasil de um tempo passado.
Na sala 4, chamada Sala dos Manuscritos e Cartografia, há manuscritos importantíssimos, como o projeto da Lei Áurea, o processo criminal de Tiradentes, as cartas de D. Pedro I para a Marquesa de Santos e os preciosos manuscritos de Machado de Assis e Euclides da Cunha, além da partitura original de “O Guarani”, de Carlos Gomes. Todas essas preciosidades não podem ser manuseadas, só é possível conhecê-las na internet.
A visita é marcada pela presença de fantasmas de escritores, apagar de luzes, barulhos estranhos, muita coisa fruto das artimanhas da pequena Ludi que gosta de armar confusões.
A Biblioteca Nacional é uma das maiores do mundo. Se os argentinos se orgulham de Buenos Aires ter um elevado número de livrarias, os brasileiros se jactam, para usar um termo caro ao escritor Jorge Luis Borges, de ter a maior e melhor biblioteca da América Latina.
Para saber mais sobre a Biblioteca Nacional, indicamos a leitura do livro “Ludi e os Fantasmas da Biblioteca Nacional”. É um livro divertido e muito informativo.

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