quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Pequeno Príncipe – um livro que permanece novidade






O Pequeno Príncipe – um livro que permanece novidade
( Neide Medeiros Santos – Crítica literária da FNLIJ/PB)

Literatura é novidade que PERMANECE novidade.
( Ezra Pound. ABC da Literatura)

O crítico literário Ezra Pound, em ABC da literatura, apresenta dois conceitos de literatura – Literatura é linguagem carregada de significado e Literatura é novidade que PERMANECE novidade. Esses conceitos poundianos se aplicam muito bem ao livro O Pequeno Príncipe.
Amélia Lacombe, em nota introdutória à edição da Agir (2004), explica o porquê da permanência desse livro:
Livro de criança? Com certeza.
Livro de adulto também, pois todo homem traz dentro de si o menino que foi.
(...)
Como compreender que uma história aparentemente tão ingênua seja comovente para tantas pessoas?
O Pequeno Príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia-a-dia. Voltam ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino. (2004:p. 6).
A história do pequeno príncipe é bem conhecida dos leitores, vejamos alguns dados que estão por trás da narrativa.
A origem do livro.
Em dezembro de 1935, quando tentava fazer o percurso Paris-Saigon.o avião pilotado por Exupéry sofreu uma pane e ele se viu obrigado a aterrissar a 200km de Cairo, em pleno deserto. Durante cinco dias, o piloto percorreu o deserto até que encontrou uma caravana de nômades que o socorreu. Foi dessa própria experiência vivida no deserto que nasceu O Pequeno Príncipe.
Escrito e ilustrado por Exupéry, a história apresenta um narrador que conta como ficou ao relento durante uma pane que seu avião sofreu no deserto de Saara. Na primeira noite, o piloto dormiu nas areias do deserto e foi aí que apareceu o pequeno príncipe. É nesta parte que entra o reino da fantasia e a história assume ares de fábula. A raposa e a rosa, personagens que convivem com o principezinho, são seres falantes.
Criação da personagem.
Há duas versões que explicam como se originou essa personagem que tem despertado a atenção de crianças e adultos.
O ano de 1935 foi marcante para Exupéry. Enviado para Moscou com o objetivo de fazer uma reportagem, ele descobre, na viagem de trem para Polônia, em um dos vagões, um pobre casal com uma criança. A beleza do menino levou-o a pensar na figura do músico Mozart e de um pequeno príncipe. Dessa visão, surgiu a idéia de criar o personagem.
Durante o verão de 1941, Exupéry esteve internado em um hospital de Hollywood e recebia sempre a visita da atriz francesa Annabella Power, casada com Tyrone Power. Nessas visitas, a atriz lia para o escritor/aviador a história de A Pequena Sereia, de Andersen, e esta bonita história teria influenciado a criação do pequeno príncipe. Aliado a isso, Exupéry confessou, certa vez, que gostaria de ter escrito uma história à moda dos contos de fadas. Esta seria a segunda versão para a criação dessa personagem que traz de “volta ao coração escondidas recordações.”
Antoine Jean Baptiste Marie Roger de Saint-Exupéry, nome completo de Saint-Exupéry, ou simplesmente Exupéry, publicou O Pequeno Príncipe em 1943. O livro saiu, inicialmente, nos Estados Unidos, mas hoje já ultrapassou a casa de 100 milhões vendidos. É o livro francês mais vendido no mundo.

Nota: Este ano se comemora o ano da França no Brasil. Entre as muitas comemorações realizadas pelo governo brasileiro, em parceria com entidades privadas, se destaca a exposição “O Pequeno Príncipe na Oca”. A exposição teve início no dia 22 de outubro e vai até o dia 20 de dezembro, no Teatro Oca, no Parque Ibirapuera, Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, 3º portão. Quem for a São Paulo nesse período vale a pena fazer uma visita ao mundo encantado de Saint-Exupéry. Lá o visitante vai encontrar uma réplica do avião pilotado por Exupéry, participar de uma mágica que se esconde por trás de uma cortina, percorrer lugares visitados pelo escritor através de mapas e croquis e assistir a uma pequena peça que reconta esta bonita história.
( Publicado no jornal Contraponto. João Pessoa, B2, 30 de outubro a 4 de novembro de 2009).

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O CRÍTICO LITERÁRIO E O FENOMENÓLOGO


O CRÍTICO LITERÁRIO E O FENOMENÓLOGO
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária da FNLIJ/PB)

Da criança podes aprender três coisas: fica contente sem nenhum motivo especial; não se mantém ociosa nem por um instante; e quando precisa de algo, exige vigorosamente.
( Talmud, citado por Ilan Brenman)

Gaston Bachelard, no livro A Poética do Espaço, distingue dois tipos de leitores: o crítico literário e o fenomenólogo. O crítico literário se detém em analisar a obra literária de uma maneira objetiva. Muitas vezes não tem a sensibilidade para detectar a imprevisibilidade das palavras; o fenomenólogo sente a palavra, a palavra do poeta fala com o leitor. Existe um diálogo entre o texto e aquele que lê.
É com o olhar mais de fenomenólogo do que de crítico que nos debruçamos sobre o livro Lendas judaicas, de Ilan Brenman (Ed. Salesiana: 2009), com ilustrações de Renato Moriconi.
Nelly Novaes Coelho, no livro O Conto de Fadas (1987: p.85) conceitua lenda como uma narrativa anônima de matéria supostamente histórica ou verdadeira, guardada pela tradição (oral ou escrita). Nela, o real e o imaginário mesclam-se de tal maneira que é impossível discernir onde acaba o verdadeiro e começa a fantasia. Todos os folclores estão repletos de lendas, que tentam “explicar” de maneira mágica os mistérios da vida e do Universo.
Na apresentação do livro, o autor declara que os contos judaicos têm uma vastidão de temas e “a riqueza dessas narrativas está umbilicalmente associada a mais de vinte séculos de dispersão pelo mundo.”
Contos ou lendas, não importa o rótulo, os textos do livro de Brenman procuram explicar os mistérios da vida e do Universo. Oito contos (lendas) estão presentes neste livro que traz a sabedoria judaica.
Ilan Brenman nasceu em uma pequena cidade de Israel – Kfar Saba. É filho de argentinos, neto de russos e poloneses. Acrescido a tudo isso, desde 1979, mora no Brasil. São trinta anos de vivência brasileira e dezoito anos contando histórias pelo Brasil e mundo afora. Brenman é formado em Psicologia, Mestre e Doutor pela Faculdade de Educação da USP.
Moriconi, o ilustrador, afirma que “procura dar forma, textura e cheiro às palavras”. Para ilustrar este livro, em sua mente vieram as pinturas de Marc Chagall, de Lasar Segall e a voz de Teyve, cantando a tradição no filme “O violinista no telhado”. Essas foram as maiores referências para a criação das imagens do livro.
Após essas explicações a respeito dos elementos paratextuais do livro, dirigimo-nos aos contos. Julgamos pertinente dar uma breve explicação: os elementos paratextuais compreendem as ilustrações, epígrafes, aspectos biográficos, tudo que vem dar colorido e informação sobre o texto.
Os oito contos que integram o livro são narrativas que se prendem à tradição milenar dos judeus. Dois contos trazem títulos que precisam ser traduzidos: O Tzadik e O Talmud.
Tzadik significa justo e este conto fala sobre o homem mais justo e sábio da região de Kiev, o rabino Dov.
Um homem rico e desonesto acusou um pobre mendigo de haver furtado 100 rublos de sua carteira. O rabino Dov é chamado para resolver a questão. O rico comerciante afirmava que havia perdido uma carteira com 400 rublos e que o mendigo havia furtado 100, restando apenas 300.
O mendigo dizia que não havia roubado nada, apenas encontrara uma carteira com 300 rublos.
Conclusão do rabino: a carteira encontrada pelo mendigo não era realmente a carteira perdida pelo comerciante, e ponderou: “Quando alguém encontrar uma carteira com 400 rublos, por favor, devolvam para o verdadeiro dono”.
O melhor deste conto é a sugestão do mendigo: “Tenho uma idéia melhor. Vamos pegar esse dinheiro e fazer um farto banquete para os pobres de Kiev.”
Questão resolvida.
Talmud representa uma grande coleção de livros, produzidos em várias épocas, contendo sabedoria de centenas de rabinos. A primeira parte do Talmud é conhecida como Halachá. É o corpo jurídico da religião judaica; a segunda, Agadá, seria o olhar poético sobre a Escritura. É nesta segunda parte que se encontram as lendas, os contos e as reflexões permeadas com uma voz universal.
Os antigos sábios faziam uma distinção entre Halachá e Agadá. “Halachá seria o pão nosso de cada dia e Agadá seria o vinho que alegra e aquece o nosso coração”. (p. 28)
Um homem bem simples colocou na cabeça que queria compreender o Talmud e procurou o rabino, pedindo-lhe que ensinasse o que havia dentro do Talmud.
O rabino explicou que era muito difícil para um homem simples como ele entender o Talmud, mas, diante da forte insistência, propôs uma questão sobre dois ladrões.
Naturalmente o homem não resolveu a questão, mas ficou satisfeito e continuou o seu caminho.
Os outros seis contos trazem títulos bem expressivos: Inteligência, cavalos e prosperidade, Aprendendo com o aprendiz, Os três conselhos do pássaro, O bem mais precioso do mundo, Os alunos e o astrólogo, O rei Davi, O príncipe Salomão e o ovo cozido.
Aprendendo com o aprendiz conta a história de um mestre e seu discípulo. O mestre pede ao aluno que vá ao açougue e lhe traga o melhor pedaço de carne. O aluno vai e traz a língua. O mestre reclama, dizendo-lhe que pediu a melhor parte que, necessariamente, não é a língua, resolve, então, pedir-lhe a pior carne do açougue. Vai o aprendiz e traz um novo embrulho que contém, também, a língua.
O aprendiz dá a seguinte explicação ao mestre:
“- No mundo dos homens, o que há de melhor e de pior é a língua!
- Quando nossa língua destila veneno, mentira e raiva, não existe no mundo coisa mais terrível. Com certeza é a pior parte do nosso corpo. Mas, quando nossa língua recita poesia, fala de amor e fraternidade, não há parte mais nobre do nosso corpo do que ela.
O aprendiz ensinou ao mestre a virtude da humildade. Tinha razão Guimarães Rosa quando dizia: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. O aprendiz foi um mestre perfeito.
Não vou falar sobre os outros contos, restam ainda cinco.
Para concluir, repito versos utilizados pelos contadores de histórias:
“Entrou por uma perna de pinto,
Saiu por uma perna de pato
Senhor Rei mandou dizer
Que me contasse mais cinco.”

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

FERREIRA GULLAR E OS ROMANCES DE CORDEL


LIVROS & LEITURAS
FERREIRA GULLAR E OS ROMANCES DE CORDEL
(Neide Medeiros Santos - Crítica literária da FNLIJ/PB)

... metade de mim é o que grito,
mas a outra metade é o silêncio...
(Ferreira Gullar. Metade)

Entre os anos de 1962-1967, Ferreira Gullar publicou quatro poemas narrativos com a temática das desigualdades sociais, o domínio do capitalismo e as lutas políticas entre latifundiários e camponeses. O poeta escolheu a poesia de cordel para tratar desses temas.
Os anos se passaram. Os poemas escritos na década de 1960 foram reunidos, pela primeira vez, e publicados pela Editora José Olympio (2009), com belas ilustrações do xilógrafo paraibano Ciro Fernandes.
Gullar explica, em nota que aparece na contracapa do livro, que escreveu esses poemas no começo da década de 1960, durante a sua atuação no Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e que o objetivo maior, naquela época, era muito mais de fazer política do que fazer poesia.
Os poemas aparecem com o título Romances de cordel e incluem: João Boa-Morte, cabra marcado para morrer, Quem matou Aparecida? História de uma favelada que ateou fogo às vestes, Peleja de Zé Molesta com Tio Sam e História de um valente.
João Boa-Morte, cabra marcado para morrer deveria ser uma peça teatral sobre a reforma agrária, mas a intenção do poeta não foi concretizada e o poema terminou sendo publicado como folheto de feira. Além do personagem João Boa-Morte, há referências a Pedro Teixeira, líder camponês que teve “morte de encomenda”. Eduardo Coutinho transformou em filme a história de Pedro Teixeira com o título – “Cabra marcado para morrer”.
História de um valente conta a prisão e os sofrimentos do líder comunista Gregório Bezerra, preso e ultrajado pelos militares em período de repressão política. Gullar escreveu esse poema por solicitação do Partido Comunista, logo após o golpe de 1964, mas, por medida de precaução, assinou o texto com o pseudônimo de José Salgueiro. Muitas pessoas pensaram que o folheto havia sido escrito por um poeta de feira do Nordeste.
Os quatro romances de cordel de Gullar estão ligados à literatura engajada e todos terminam com fios de esperança. Examinemos os fechos dos poemas.
João Boa-Morte presta atenção ao conselho de Chico:
Enquanto Chico falava,
no rosto magro de João
uma luz nova chegava.
E já a aurora, do chão
de Sapé, se levantava. (p. 34)
A história de Aparecida, a favelada que ateou fogo às vestes, tem o seguinte desfecho:
Quem ateou fogo às vestes
dessa menina infeliz
foi esse mundo sinistro
que ela nem fez nem quis
- que deve ser destruído
pro povo viver feliz. (p. 56)
A peleja entre Tio Sam e Zé Molesta termina com a vitória de Zé Molesta, um cantador franzino, lá do Ceará. Tio Sam perde o “rebolado” e Zé Molesta foge deixando o gringo “desmoralizado”.
Gregório Bezerra, líder comunista pernambucano, sofre humilhações e espancamentos na prisão, nas ruas do Recife, no bairro de Casa Forte. E vem o apelo final:
Gregório está na cadeia.
Não basta apenas louvá-lo.
O que a ditadura espera
é a hora de eliminá-lo.
Juntemos nossos esforços
para poder libertá-lo,
que o povo precisa dele
pra em sua luta ajudá-lo. (p.92)
Não poderia deixar de tecer um breve comentário sobre as ilustrações de Ciro Fernandes. São xilogravuras em preto e vermelho, cores que denunciam a morte, o sangue e a luta. Gullar escolheu o ilustrador certo. Ciro Fernandes é nordestino (paraibano), conhece a sua gente. João Boa-Morte, Aparecida, Zé Molesta e Gregório Bezerra são personagens/pessoas que integram o universo do ilustrador.
Se os poemas de Ferreira Gullar veiculam um fio de esperança, cantemos com Mercedes Sosa e Violeta Parra (in memoriam) “Gracias a la vida”.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

caminhos de santiago


CAMINHOS DE SANTIAGO
( Neide Medeiros Santos – Crítica literária – FNLIJ/PB)
Se cada um de vós abrisse um livro de poemas...
Faria uma verdadeira viagem...
(Mário Quintana. Invitation au Voyage)

O caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, tem dado origem a muitos diários e a inúmeras publicações. De S. Jean Pied de Port (caminho francês) a Santiago de Compostela (terras de Espanha) há um longo percurso a ser trilhado (cerca de 800 km). Escritores que fizeram essa viagem deixaram registros em diários e livros. Só, no Brasil, já foram publicados mais de cem livros com essa temática.
Não sabemos se o poeta García Lorca foi peregrino dessa rota, mas deixou um belo poema “Santiago:balada ingênua “ que conta, de modo sucinto e teatral, a história lendária do apóstolo Santiago.
“Santiago”, com ilustrações do artista plástico espanhol Javier Zabala, selo da Editora WMF Martins Fontes (2009), é um poema que integra “Livro de poemas”., um dos primeiros livros publicados por García Lorca ( 1921).
O subtítulo “balada ingênua” remete o leitor para um tipo de composição poética – balada. Na opinião de Massaud Moisés (Dicionário de Termos Literários: 1974), a balada esconde duas formas líricas convergentes e algo distintas.
A primeira tem origem folclórica, popular ou tradicional e não se prende a qualquer literatura européia. Está presente entre os povos anglo-saxões, eslavos, gregos, romenos, espanhóis e portugueses.
Na segunda concepção, com base nos postulados teóricos de Lawrence J. Zillmam, vem a explicação: “ Na verdade, trata-se de forma literária mista, pois reúne elementos de poesia dramática e lírica bem como narrativa. Mas em geral pode ser descrita como uma breve canção-história (...). ”
O processo dramático da balada vem acompanhado de perguntas e respostas, de um diálogo que é utilizado para desenvolver a fabulação.
Entre os poetas modernistas brasileiros, lembramos de duas baladas lidas, recitadas e bem conhecidas do público leitor de poesia: “Balada das três mulheres do sabonete Araxá”, de Manuel Bandeira, e “Balada das duas mocinhas de Botafogo, de Vinicius de Moraes. Esta última, pelo alto grau de dramaticidade, foi transformada em peça teatral.
Deixemos as divagações poéticas, e retornemos ao livro de Federico García Lorca – “Santiago”.
O poema “Santiago” não conta a história da peregrinação do apóstolo em sua totalidade, são fragmentos da passagem do santo por terras da Espanha. Para dar uma melhor visão da história, seguem-se alguns diálogos entre o narrador e a velhinha que testemunhou a passagem do apóstolo.
- Quem viu o apóstolo Santiago?
“ Uma velha que vive muito pobre
na parte mais alta do arraial
que possui uma roca imprestável,
(...) (p. 11)

- Quando a velhinha viu o apóstolo?
“(...) numa noite distante
como esta, sem ruídos nem ventos” (p.13)
(...)
- Como ia vestido?
“- Com bordão de esmeraldas e pérolas
e uma túnica de veludo.” (p.15)
(...)
“- E, comadre, não lhe disse nada?
- perguntam-lhe duas vozes ao mesmo tempo.”(p.16)

Responde a velhinha:
“- Ao passar me olhou sorridente
e uma estrela deixou-me aqui dentro. “ (p.16)

“- Continue, continue,velha comadre.

Aonde ia o glorioso viajor? ‘ (p.19)

“- Perdeu-se por aquelas montanhas
com minhas pombas brancas e o cachorro.
Mas cheia deixou-me a casa
de roseiras e de jasmineiros,
e as uvas verdes da parreira
amadureceram, e meu copo cheio
encontrei na manhã seguinte. “ (p. 21 )
(...)
O encontro do apóstolo com uma personagem do povo, uma velha fiandeira, vem revestido de fantasia e beleza, parece que estamos no país de São Saruê, descrito de modo utópico pelo poeta popular Manuel Camilo dos Santos.
Não contei tudo, deixei o resto para os leitores amantes de poesia e, principalmente, da poesia de García Lorca.
Ainda uma palavrinha – olhem com atenção o livro, vejam as bonitas ilustrações de Javier Zabala, ilustrador detentor de vários prêmios de ilustração na Espanha, leiam as informações sobre o poeta gitano que aparecem nas últimas páginas do livro. Boa leitura!