sábado, 25 de outubro de 2008

lista de honra ibby 2008



Lista de Honra IBBY/2008
(Neide Medeiros Santos – crítica literária FNLIJ/PB)

O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
(Mário Quintana. Caderno H).

Dois livros publicados no Brasil – Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela (texto e ilustração), da CosacNaify, e Os Corvos de Pearblossom, de Aldous Huxley, editora Record, ilustrações de Beatrice Alemagna, com tradução de Luiz Antônio Aguiar, figuraram na Lista de Honra do 31º. Congresso do IBBY (International Board on Books for Young People), realizado em Copenhague, entre os dias 7 e 10 de setembro de 2008.
O livro de Fernando Vilela já havia conquistado, em 2007, vários prêmios no Brasil – Melhor livro de Poesia da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil 2007, Melhor Projeto Editorial e Melhor Ilustração da mesma Fundação, Jabuti 2007, na categoria de livro infantil. A escolha de Lampião e Lancelote, na lista de Honra IBBY/2008, não causou surpresa entre os especialistas de literatura infantil.
Os Corvos de Pearblossom recebeu, no Brasil, o prêmio de Melhor Tradução pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em 2007. Luiz Antônio Aguiar é autor consagrado de livros infanto-juvenis e tem feito ótimas traduções na área dos livros destinados a crianças e jovens.
É sobre os dois livros premiados que voltamos nossa atenção.
Para escrever Lampião e Lancelote, Fernando Vilela imaginou um encontro inusitado entre dois cavaleiros – Lancelote (cavaleiro medieval) e Lampião (cangaceiro nordestino).
O cavaleiro medieval considera a luta como uma “justa”; o cangaceiro, “um duelo”. A disputa é ferrenha entre os dois cavaleiros, mas é uma luta de caráter mais cultural do que física, e o embate se verifica, principalmente, entre a linguagem de cavalaria e a linguagem de cordel.
Quem será o vencedor? Quem é o melhor repentista? Cabe ao leitor fazer a leitura do livro e tirar suas conclusões.
Lancelote se utiliza da setilha, versos de sete sílabas para desafiar Lampião, e o cangaceiro empregou a sextilha, a métrica mais tradicional do cordel, para desbancar o cavaleiro medieval.
Texto em prosa e em poesia, espadas, entrecruzar de armas, lanças e flechas atravessam todas as páginas do livro, conferindo um colorido especial e atraente.
Fernando Vilela recorreu aos desenhos que aparecem nos livros da Idade Média para representar Lancelote e as xilogravuras nordestinas e as fotografias da época do cangaço serviram para retratar a indumentária do cangaceiro Lampião. A prata, o cobre e o negro são as cores utilizadas nas ilustrações.
A respeito do livro Lampião e Lancelote, Bráulio Tavares, profundo conhecedor do cordel e ele mesmo autor de cordéis, assim se expressou:
As aventuras de cavaleiros medievais estão no repertório dos livros infantis e juvenis do mundo inteiro. Já as histórias de cangaceiros são um dos ciclos mais populares da literatura de cordel nordestina. Para o ilustrador e autor Fernando Vilela, o encontro entre o cavaleiro Lancelote e o cangaceiro Lampião foi uma idéia irresistível, que lhe permitiu mostrar as semelhanças entre dois universos que parecem distantes. (Contra capa do livro Lampião e Lancelote).
Os Corvos de Pearblossom, como todo livro, tem sua história. Aldous Huxley escreveu este livro para sua sobrinha Olívia Melusine de Haulleville que gostava de visitar os tios que moravam em Llano, no Antelope Valley, deserto de Mojave, Califórnia.
Aldous Huxley e a esposa viviam muito isolados e a sobrinha costumava passar as férias com a família Huxley, eles davam longos passeios com Olívia e contavam histórias para entretê-la. Foi o único livro que Huxley escreveu para crianças. Durante muitos anos a história ficou esquecida, guardada, só depois de três anos da morte do autor, apareceu a 1ª. edição (1967). O livro alcançou sucesso desde a 1ª edição e muitas outras se seguiram. Em 2006, Luiz Antônio Aguiar fez a tradução para o português.
O conto é bem simples – um casal de corvos observa que os ovos que a senhora corvo põe no ninho desaparecem misteriosamente. Certo dia a mãe regressa mais cedo para casa e encontra o ladrão com a “mão na botija”, era uma serpente. A partir dessa descoberta, começa a luta do casal para se livrar de tão terrível animal e a sábia coruja vai ajudá-los na empreitada.
Embora se utilize de poucas cores, Beatrice Alemagna fez belas ilustrações para este livro. O tamanho descomunal da serpente contrasta com os diminutos corvos. Beatrice teve a preocupação de utilizar cores neutras – cinza e tons ocres para representar a região árida do deserto de Mojave.
Estes dois livros, que consideramos objetos de arte, devem constar nas estantes dos bons leitores e como estamos nos aproximando do Natal vamos seguir o exemplo de muitas pessoas – dar presentes de livros. Lampião e Lancelote e os Corvos de Pearblossom serão bem-vindos como presentes de Natal para crianças e adolescentes. São livros-companheiros para toda a vida.





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