Tecer considerações sobre livros e autores a partir da literatura produzida para crianças e jovens no Brasil. Os textos deste espaço estão disponíveis para pesquisa; devendo-se, em caso de citação, indicar a fonte, conforme a legislação em vigor: LEI Nº 9.610
sábado, 7 de novembro de 2009
Maria Clara Machado e o Teatro Infantil Brasileiro
LIVROS & LEITURAS
Maria Clara Machado e o Teatro Infantil Brasileiro
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária da FNLIJ/PB)
O teatro para crianças deve ser igual ao dos adultos, só que melhor.
(Stanislavsky. Teatrólogo russo)
A Editora Nova Fronteira reeditou, em 2009, seis livros contendo peças teatrais de Maria Clara Machado. Há muito tempo esses livros pediam para ser reeditados. A iniciativa é louvável.
Cada livro traz uma apresentação de atores/atrizes que trabalharam nas peças: Maria Louise Cardoso, Malu Mader, Marcelo Serrado, Fernando Caruso, Cláudia Abreu. A crítica de teatro Bárbara Heliodora assina uma das apresentações.
Maria Clara Machado nasceu em Minas Gerais. Era filha do escritor Aníbal Machado. Foi morar no Rio de Janeiro ainda criança e cresceu em um ambiente literário e artístico. Iniciou sua carreira teatral dirigindo um teatro de bonecos. Em 1950, ganhou uma bolsa de estudos do governo francês e foi estudar teatro em Paris. Quando voltou (1951), fundou a companhia Tablado e foi sua diretora até 2001, ano de seu falecimento.
Quem gosta de teatro, certamente se lembra de “Pluft, o fantasminha” e de “O cavalinho azul”. São peças que marcaram a infância de meninos e meninas por esse Brasil afora.
Um passeio por algumas peças da teatróloga nos permite aquilatar a boa qualidade de seu trabalho com a o teatro infantil.
“A menina e o vento” estreou em 1962 e foi encenada e traduzida para outros países. A protagonista da história é a menina Maria que consegue se livrar de três tias chatas que dão lições desinteressantes, mas se envolve, de modo bem fantástico, com o Vento.
“Pluft, o fantasminha” foi a peça consagradora do teatro infantil de Maria Clara Machado. Nesta peça, aparece um fantasminha muito divertido e medroso. Invertendo a ordem natural das coisas, o fantasma é quem tem medo de gente, principalmente da menina Maribel.
Em “A bruxinha que era boa”, temos, mais uma vez, uma inversão de valores – a bruxinha Ângela era diferente das outras bruxas: tinha um rosto angelical, bom coração e não sabia fazer maldades.
“O cavalinho azul”, que já foi transformado em opereta, talvez seja a história mais cheia de ternura que Maria Clara Machado escreveu. Pela poeticidade do texto e equivalência temática pode ser comparada ao livro “Platero y yo”, de Juan Ramón Jimenez.
A história é simples e comovente. O menino Vicente se julga dono de um cavalinho. O verdadeiro dono (seu pai), por motivo de dificuldades financeiras, resolve vender o cavalinho, e Vicente começa a procurá-lo. Nessa busca incessante, ele encontra uma menina que vai acompanhá-lo por várias cidades brasileiras. É uma verdadeira peregrinação à procura do amigo querido. Será que vai encontrá-lo?
Fantasia, sonho, ternura, poesia, tudo está presente nas bonitas peças criadas por Maria Clara Machado. É isso que dá perenidade a seus textos. A teatróloga fez, também, adaptações de histórias tradicionais, como “Maria Borralheira”, “O patinho feio”, mas procurou sempre imprimir um toque brasileiro nessas recriações.
Em tempos idos e vividos, assistimos, no Teatro Paulo Pontes, “”Pluft, o fantasminha” e “ A menina e o vento”.
Maurício Burity, o novo diretor do Espaço Cultural, tem procurado revitalizar vários setores que estavam desativados. Esperamos que voltem a ser encenadas as peças de Maria Clara Machado e outras peças infantis de bom nível.
Em Campina Grande, o Instituto Nossa Senhora da Salete, sob a coordenação das irmãs professoras Eneida, Salete e Léa Agra, costumava apresentar, nas festas de encerramento do ano letivo, peças de Maria Clara Machado. Os alunos do Instituto eram os atores e a direção das peças ficava a cargo de Wilson Maux. Recebemos informação da atriz que fez o papel de “Pluft, o fantasminha” e de “Maria Minhoca” (atualmente ela mora em João Pessoa) que o elenco, nos idos dos anos 60/70 do século XX, viajou para o Recife e Maceió onde se apresentou com grande sucesso. Era o teatro infantil paraibano itinerante.
O Instituto Nossa Senhora da Salete não mais existe. Felizes as professoras e os ex-alunos que vivenciaram essa experiência. Ficou o registro na história do teatro infantil de Campina Grande.
As palavras do teatrólogo russo – “o teatro para crianças deve ser melhor do que o teatro para adultos” – condizem muito bem com as peças criadas e adaptadas por Maria Clara Machado. São peças que nada ficam a dever ao bom teatro para adultos.
(Publicado no Jornal Contraponto. Caderno B2. Paraíba, 06 a 12 de novembro de 2009).
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Um comentário:
Os textos da Maria Clara MAchado são enriquecedores na vida de qualquer criança, transportando-as para o mundo da fantasia, fazendo-as emergirem em um completo encantamento e fascíneo do mundo maravilhoro.
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