sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MÚSICA PARA PEQUENOS E GRANDES















MÚSICA PARA PEQUENOS E GRANDES
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)

Música é vida interior e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão.
(Artur da Távola. Pensamento que fechava o programa – Quem tem medo de música clássica? – TV Senado).

Balé e Teatro foram assuntos abordados em artigos anteriores Hoje vamos falar sobre música, um tema sempre apaixonante.
No vasto universo da literatura para crianças e jovens, encontramos vários livros que procuram introduzir a criança no reino da música. No alvorecer do século XXI (2001), Leo Cunha e Francisco Marques, em parceria com Eliardo França (ilustrador), publicaram “Clave de Lua” e “Garranchos”, (Ed. Paulinas), poemas musicados. Os livros vêm acompanhados de CDs, de belas ilustrações de Eliardo França e da música de Renato Lemos. Ganharam vários prêmios no ano da publicação e continuam, ainda hoje, sendo bem vendidos.
Mais recentemente, houve a preocupação de introduzir um pouco de teoria musical nos livros destinados a esse público. A orquestra tintim por tintim Ed. Moderna (2005), do quarteto Liane Hentschke, Susana Ester Kruger, Luciana Del Bem e Elisa da Silva e Cunha, também acompanhado de CD, oferece uma ótima oportunidade para crianças e adultos conhecerem os instrumentos de uma orquestra e a função que cada um deles exerce.
Doutoras e doutorandas em Educação Musical, Liane, Susana, Luciana e Elisa exercem funções nos departamentos de música da UFRGS, no Centro Universitário FEEVALE (RS) e na OSESP.
Além de discorrer sobre os instrumentos da orquestra, aparece uma explicação bem interessante sobre o spalla: É ele quem pede ao músico do oboé que toque a nota Lá para que os demais instrumentos sejam afinados de acordo com ela. (p.8).
O spalla tem um papel importante na orquestra. Ele é o primeiro violino, repassa as instruções do maestro aos músicos e, às vezes, quando solicitado, pode assumir a função de regente.
Será que o leitor sabe por que a flauta, feita de metal, pertence à família das madeiras? E o tam-tam, o que será? Essas perguntas são respondidas nesse interessante livro.
Vamos percorrer outros caminhos.
Raquel Coelho, autora e ilustradora do livro Música (Ed. Formato, 2006), é formada em Artes, com múltiplas atividades. Enveredou pela música, teatro, literatura, dança e artes plásticas. É uma mineira andarilha. Queria conhecer o mundo e acabou se mudando para Nova York, uma cidade que se caracteriza pela diversidade artística, onde estudou animação. Hoje Raquel vive em San Francisco, na Califórnia, é professora do Departamento de Cinema da San Francisco State University.
O livro de Raquel se inicia com um histórico sobre a origem da música, os primeiros instrumentos musicais e a relação que existe entre a Matemática e a Música. Quem descobriu essa relação foi Pitágoras. E vem uma afirmativa que merece registro:
Pitágoras estudou um instrumento de uma corda só, o monocórdio, e tentou descobrir qual nota estava na metade da corda, qual nota estava em um quarto da corda e assim por diante. Desse modo, acabou descobrindo que a posição das notas em uma corda segue uma proporção matemática. (p.14)
O livro oferece uma visão panorâmica da música de muitos países em épocas distintas. Interessante são as ilustrações – colagens, desenhos superpostos, cores fortes e vibrantes. Desenhos e pinturas que imitam mamulengos dão um colorido especial ao livro.
Para colocar ponto final nesse percurso – O menino e o maestro, de Ana Maria Machado (Ed. Mercuryo Jovem, 2006), livro marcado por sensibilidade e beleza literária.
A história do menino Teleco, do maestro Paulo Moura e de Mozart se entrecruzam. Se não chegamos à polifonia baktiniana, existe, dentro dessa narrativa, um discurso dialógico.
O maestro Paulo Moura faz um bonito trabalho com crianças carentes no Rio de Janeiro e Ana Maria Machado conta a história de Teleco, acrescida de fatos da vida do menino Mozart.
Ricardo Prado, maestro e escritor, em nota inserida no livro, afirma que nos textos de Ana Maria Machado há sempre piano, canções, cantigas de ninar, caixinhas de música. A musicalidade está presente até nos títulos. Examinemos alguns: “Menina bonita do laço de fita”, “Bisa Bia, Bisa Bel”, “Bento-que-bento-é-o-frade”, “Palavras, Palavrinhas, Palavrões”.
Ana Maria já escreveu mais de 100 livros para crianças e jovens, embora se dedique, também, à crítica literária e à literatura para adultos. Não poderíamos deixar de assinalar que a boa qualidade dos seus textos para crianças lhe garantiu uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Na nossa viagem através da música, percorremos trilhas de poesia musicada, discorremos sobre aspectos teóricos da orquestra e da música e conhecemos um pouco da história do encontro de Teleco com o maestro Paulo Moura. Andamos por caminhos que levam o leitor – criança, jovem ou adulto ao mundo em que a palavra não alcança.

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