sábado, 9 de maio de 2015






























A prosa poética de Roseana Murray e Marina Colasanti
( Neide Medeiros Santos – Leitora Votante FNLIJ/PB)

            Matilde, nome de planta, pedra ou vinho,
            de que nasce da terra e que dura,
            palavra em cujo crescimento amanhece,
            em cujo estio estala a luz dos limões.
            (Pablo Neruda. Poema I. Vinte poemas de amor e uma canção desesperada).

            Dois livros recebidos no segundo semestre de 2014 me chamaram a atenção pela poeticidade da linguagem – “Exercícios de amor” (Ed. Lê), de Roseana Murray, e “Como uma carta de amor” (Ed. Global), de Marina Colasanti.
            São livros de contos destinados aos jovens e abordam as sutilezas do amor. Nos textos das duas escritoras, o amor aparece como a estrela guia que norteia caminhos.  
            “Exercícios de amor” reúne quinze contos e  trazem o título do protagonista – Maria, Pedro, Raquel... assim ocorre com todos os contos,  sempre com o título da personagem principal.   
             “Maria” é a história de amor entre uma adolescente brasileira e um jovem chileno. Tudo começa quando Maria recebe uma carta com selo do Chile, esse fato faz a personagem reviver o passado e “a doçura do nome esquecido no desvão da memória”.(p.9). Como um filme em flashback, ela recorda o primeiro encontro com Julian e o grande amor que vivenciaram quando jovens.  Julian voltou para o Chile e prometeu retornar o mais breve possível. Esse retorno foi adiado por muitos e muitos anos e se deu através desta carta.      
            Maria permanece com a carta nas mãos, segura-a carinhosamente como um filho muito querido, depois rasga com cuidado o envelope, tira a folha de papel e reconhece a caligrafia de Julian (não mudou), a letra continua miudinha como pequenas mariposas.
            Em poucas linhas, Julian relata o que foi a sua vida depois que desapareceu da vida de Maria - uma  sucessão de desastres – um casamento desfeito, depressão, dissabores.  Quer saber o que aconteceu com Maria.  Sua vida também não foi muito diferente – desencontros amorosos, desilusões, mas ainda guarda com muito zelo um poema de Pablo Neruda do livro “Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada”, presente de Julian em momento de muito enlevo. E  Maria resolveu responder a carta de Julian com esse apelo:
“Julian, venha, temos muitos anos para passar a limpo. A minha vida também foi uma sucessão de desastres. Ou uma espera. Mas os poemas de Neruda que você me ensinou a amar, sempre me acompanharam”. (p. 12)
Os outros contos são marcados por encontros, desencontros e reencontros, como este que foi apresentado, mas não pense o leitor que a repetição se torna enfadonha, cada um tem a sua singularidade.

“Como uma carta de amor”, de Marina Colasanti, reúne treze minicontos. O primeiro traz o título do livro e intertextualiza poemas narrativos do Romanceiro Português, textos recolhidos por Almeida Garrett.
O nome da protagonista não é revelado. Todos os dias, ela cumpre uma sina – vai até ao penhasco que fica perto de sua casa,  olha o horizonte, examina se há algum navio se dirigindo para a costa e espera a volta do ser amado.
A princípio, quando o homem partiu, prometeu voltar logo, e a moça  começou a contar o tempo marcando com um mínimo detalhe o tronco de uma castanheira. Tomava a faca, feria a casca e isso se tornou um ritual. Foram muitos cortes, os anos se passaram e o homem não veio, resolveu usar outra estratégia – quando ia ao penhasco, como costumava fazer todos os dias,  retirava um fio de seus cabelos negros e jogava ao mar.  Foram tantos fios que um dia eles se juntaram e formaram um longo fio  a partir da praia do penhasco até a linha do horizonte.    
Um dia a moça deixou cair o xale, descalçou as sandálias e de braços abertos, queixo erguido, apoiou o pé na linha fina e começou a percorrer o caminho que o levaria onde ela pensava que se encontrava o amado. Era lá que queria estar.
Várias passagens desse conto demonstram as afinidades com  textos do romanceiro português – há uma castanheira no quintal da casa, uma praia com penhascos, a mulher conduz um xale e a espera pelo homem que partiu em uma embarcação não se sabe para onde.  
  No conto de Marina Colasanti tudo está nebuloso, o homem viajou,  saiu pelo mar afora, a mulher  aguarda a sua volta. De maneira fantasiosa, pretende alcançá-lo por meio de um caminho formado com os fios de seus cabelos.
14 contos de Roseana Murray estão ainda guardados no livro e 13 de Marina aguardam a visita dos leitores. Eles estão à sua espera.

NOTAS LITERÁRIAS E CULTURAIS

LANÇAMENTO DE LIVRO

Foi lançado no dia 28 de abril, na livraria da Energisa Cultural, mais um livro da coletânea “Primeira Leitura” – “Pedro Américo em quadrinhos”, do escritor e historiador Bruno Gaudêncio. O livro recebeu ilustrações de Flaw Mendes. A empresa Energisa dá apoio cultural ao projeto “Primeira Leitura” que objetiva valorizar escritores, artistas plásticos, músicos, teatrólogos e aqueles que deixaram marcas na história da Paraíba. Os livros são publicados pela editora Patmos, de Carlos Roberto de Oliveira.  Na ocasião do lançamento do livro “Pedro Américo em quadrinhos”,  o superintendente  da Energisa na Paraíba, Dr. André Theobaldo,  lançou  o Concurso de Redação para alunos da 9ª série da rede pública do Estado da Paraíba. O artista plástico Dyógenes Chaves deu explicações sobre a realização desse concurso. Os livros que integram a coleção “Primeira Leitura” serão lidos por alunos e professores. As redações deverão ser feitas em letra manuscrita  a partir da leitura desses livros.  

  
LIVROS, LEITURA

“Uma escola, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A Educação é a única solução.”
   ( Malala Yousafzai. Paquistanesa. Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, 2014)

VIAGEM ATRAVÉS DA LEITURA

“A minha viagem é aquela de uma volta ao dia em 80  mundos e não a volta ao mundo em 80 dias, como no filme. É uma viagem através dos livros, da leitura prazerosa. Essa é que é a viagem dos sonhos!”
Uma explicação de Sérgio – ele retomou o título do livro de Júlio Cortázar – “ A volta ao dia  em 80  mundos” para externar sua paixão pelos livros e pela leitura. Valeu. 

( Sérgio de Castro Pinto. Poeta, Escritor e Professor Paraibano.  Jornal “A União”. Confidências.  Coluna Goretti Zenaide)

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