Histórias
de livros e de leituras
(Neide
Medeiros Santos – Leitora –Votante da FNLIJ/PB)
A leitura desperta
curiosidades, amplia a ideia sobre o mundo e nos torna críticos diante da
realidade.
(A aventura da leitura. “Para gostar de ler. Histórias
sobre leituras: livros e leitores”. Ed. Ática).
Na comemoração dos 50 anos da editora Ática, foi lançado
o 50º. volume da série “Para Gostar de Ler” com histórias de livros e de
leituras. Para integrar essa coletânea, foram convidados os seguintes escritores:
Marina Colasanti, Ana Maria Machado, Moacyr Scliar, Paulo Mendes Campos,
Valéria Piassa Polizzi, Índigo, Márcia Kupstas, Ivan Jaf, Ricardo Azevedo,
Carolina Maria de Jesus, Maria José Dupré.
Adquiri,
há alguns anos, os cinco primeiros volumes dessa coleção, depois o 37º, agora
recebo o 50º. “Para Gostar de Ler” começou com uma seleção de crônicas de
escritores consagrados, como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo
Mendes Campos e Rubem Braga. O volume 37º apresentava textos de sabor
memorialista, até no título: “Já não somos mais crianças”. Além dos nomes de
autores brasileiros conhecidos do público, entre eles Machado de Assis, Osman
Lins, figuravam autores estrangeiros e citamos Alphonse Daudet. Katherine
Mansfield e Mark Twain.
A edição comemorativa dos 50 anos seguiu uma linha
diferente. Com uma rica variedade de gêneros e autores, cada escritor escreveu
sobre sua vivência com os livros e a leitura de modo bem espontâneo, sem
amarras e sem regras prefixadas. Foram coletados excertos de livros de
crônicas, de poesia, de romances, de contos.
Vamos empreender uma breve viagem por esses textos.
Marina Colasanti escreveu um poema curtinho “Rumo nem
sempre a prumo” que descreve, de modo muito sintético, as brincadeiras da
infância, culminando com a referência à leitura.
Ana Maria Machado apresentou um fragmento do livro
“Amigos Secretos”, um texto juvenil que intertextualiza com os personagens do
Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato.
O texto selecionado de Moacyr Scliar é um excerto do
romance juvenil “Ciumento de carteirinha” que está interligado a Dom Casmurro,
Scliar era profundo admirador do “Bruxo do Cosme Velho” e escreveu romances
juvenis tomando como ponto de partida livros de Machado de Assis.
Paulo Mendes Campos, que já aparecia nos primeiros livros
da coleção “Para gostar de ler”, comparece nesta edição com o texto “Para Maria
da Graça” que é uma espécie de carta para a menina/moça que acabou de completar
quinze anos. A carta vai acompanhada de
um livro – “Alice no país das maravilhas”.
“O gato de livros” foi escrito por Valéria Piassa Polizzi
e conta a história de uma gata que mora em uma biblioteca. De tanto conviver
com livros, ela aprende a gostar de certos autores e demonstra preferências por
Machado de Assis, Clarice Lispector, Cecília Meireles e até por autores
estrangeiros, como Kafka. É uma gatinha intelectual.
Índigo inicia seu texto tentando descobrir quem são seus
leitores e não sabendo como responder apresenta diversos tipos de leitores.
Será que algum dos tipos elencados se enquadraria como leitor da escritora Índigo?
Não sabemos. Leiam “Dissecando leitores”
e tirem suas conclusões.
“O livro de Lívia”, de Márcia Kupstas, foi escrito
especialmente para esta coletânea. É um
texto mais longo, um conto cheio de surpresas e a presença de um livro que atua
como protagonista da história. No
decorrer da narrativa, sente-se a importância do livro na vida das pessoas.
Ivan Jaf avança no tempo e traz um conto que se passa em
2.067. O título do texto,“ O caçador de livros”, já prenuncia o que nos espera.
É uma ficção científica que mescla futuro com passado e guarda afinidades com o
romance de Umberto Eco – “O nome da rosa”.
O texto de Ricardo Azevedo, “Perdido nas brenhas de um
mataréu despovoado”, é um excerto do livro “Fragosas brenhas do mataréu” que
ganhou em 2014 o prêmio Jabuti de Melhor Livro Juvenil. O narrador volta ao
passado e um viajante do século XV empreende uma viagem pela mata e relembra os
livros de que já leu, não eram muitos, apenas dez, mas, numa época de poucos
livros, sentia-se um privilegiado.
“O livro é a melhor invenção do homem” foi escrito por
Carolina Maria de Jesus e a escolha desse título se deveu aos editores. A frase
que dá título ao texto é da própria Carolina e foi pinçada do livro “Quarto de
despejo: diário de uma favelada”. E leiam as palavras que encerram o texto:
“Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor
invenção do homem”.
Nos anos 1940/1950, as crianças e os jovens liam muito os
livros de Maria José Dupré, Sra. Leandro
Dupré, como era mais conhecida nos meios literários. O maior sucesso dessa
autora veio com o livro “Éramos seis” que foi adaptado para novela na TV e
alcançou grande sucesso. “Todos os caminhos
conduzem ao fim” foi selecionado para integrar essa coletânea, é um verdadeiro
percurso autobiográfico pelos caminhos literários da autora. Como leitora dos
livros da Sra. Leandro Dupré, gostei muito desse texto e espero que os leitores
de ontem e de hoje também gostem.
Será que contei tudo? Não, procurei apenas despertar a
curiosidade dos leitores com pequenos fragmentos dos textos que estão dentro
deste livro. Iniciei a viagem, caberá ao leitor dar prosseguimento e
concluí-la.
NOTAS LITERÁRIAS E CULTURAIS
Natal – presente de livros.
Esta edição irá circular na véspera de Natal, 24 de
dezembro, e ainda há tempo para o leitor ir correndo à livraria e comprar
presente de livros para os amigos, familiares, para aquele aluno que é um
leitor voraz e até para aquele que lê esporadicamente; quem sabe se um bom
livro não irá torná-lo um leitor cativo!
As nossas indicações da semana estão condizentes com o espírito
natalino.
CRIANÇA:
Napoleão Laureano em quadrinhos. Manoel Jaime. Il. Daniel
Ferreira. Ed. Patmos, 2015.
Este foi o último livro lançado em 2015 da série
“Primeira Leitura” e conta a vida e a luta do médico Napoleão Laureano em prol
das pessoas acometidas por câncer. Sua vida, como bem afirma Dr. André
Theobald, Presidente da Energisa, “é uma história de resistência, é lição de
heroísmo para não ser esquecida.”.
JOVEM:
Setembrices e outros resquícios de revolução. Analice
Chaves. Ed. A União, 2015.
Conheci Analice nos saraus literários do Pôr do Sol
Literário, recitando o bonito poema “Setembrices” nos jardins da Academia
Paraibana de Letras e pensei – aí está uma futura poeta. Além da beleza do
poema, havia toda expressividade da autora recitando seu próprio texto. Analice
é muito jovem, tem apenas dezessete anos, gosta muito de escrever e de recitar. Nesse livro, estão reunidos poemas e textos
em prosa poética. “Setembrices” relembra primavera e muitos textos estão
associados à natureza, ao florescer da vida, ao amarelo dos ipês que colorem a
cidade de João Pessoa.
ADULTO:
Abraços. Arriete Vilela. Gráfica e Editora Poligraf.
Maceió, 2015.
Arriete é alagoana de Marechal de Deodoro, estudou na
UFPB e tem estreitos vínculos com a cidade de João Pessoa. Aqui lançou vários
livros, é poeta da estirpe de Jorge de Lima. Como presente de Natal, recebi da
autora o bonito, pequenino e precioso livro de poesia – “Abraços”. E como
estamos em tempo de abraços, indico este livro para os leitores amantes da boa
poesia. Concluo as indicações da semana com
esses versos de Arriete:
O teu abraço:
delicadeza
em que teço
uma alma nova.
Quase alegre
quase bem-aventurada.
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