Tecer considerações sobre livros e autores a partir da literatura produzida para crianças e jovens no Brasil. Os textos deste espaço estão disponíveis para pesquisa; devendo-se, em caso de citação, indicar a fonte, conforme a legislação em vigor: LEI Nº 9.610
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
MIL- FOLHAS: a história do doce através dos séculos-Lucrécia Zappi
LIVROS & LITERATURA
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)
MIL- FOLHAS: a história do doce através dos séculos
As belas-artes são cinco: a pintura, a escultura, a poesia, a música e a arquitetura, a qual tem por extensão a confeitaria.
(Marc-Antoine Carême. In: Mil-Folhas: história ilustrada do doce)
A jornalista, escritora e tradutora Lucrécia Zappi nasceu em Buenos Aires e mudou-se, ainda criança, para a cidade de São Paulo. Ela relembra sempre os passeios com a família pelas ruas do centro de São Paulo e o fascínio que a Confeitaria Dulca, da Avenida Doutor Vieira de Carvalho, exercia na sua vida de criança. Ficava parada diante da vitrine da confeitaria admirando os maravilhosos docinhos que eram reservados para ocasiões especiais. Quando completou nove anos, ganhou o presente de um bolo de nozes da Confeitaria Dulca e deliciou-se com a iguaria. Presente divino.
Atualmente, Lucrecia Zappi mora em Nova York, onde fez mestrado em Ciência Literária e escreve para “Artforum” (Estados Unidos) e “Folha de São Paulo”. Estudou artes plásticas em Amsterdã (Holanda) e organizou a antologia da artista suíça Pipilotti Rist para a exposição “O Comunismo em Forma”. Pela Cosac Naify, publicou “Mil - folhas: história ilustrada do doce” (2010), o primeiro projeto de não-ficção para jovens.
O livro “Mil - Folhas: história ilustrada do doce” foi selecionado para integrar o catálogo “White Ravens” da biblioteca infantojuvenil de Munique. É uma pesquisa sobre a história do doce em vários países.
Pinçamos algumas curiosidades que merecem registro. Vamos começar pelo próprio título do livro – “Mil - folhas” - é um bolo de massa folhada criado por Carême, cozinheiro francês do século XIX, e tem 729 camadas de massa e 729 camadas de manteiga, uma verdadeira arte de dobradura de massa folhada. Carême arredondou os números e chamou-o de “mil - folhas”.
“Arroz-doce” – os iberos herdaram dos invasores árabes a receita do arroz-doce. Há muitos anos, esse doce era considerado um manjar sofisticado, feito com frutas cristalizadas, amêndoas, canela e mel. Com o passar dos tempos, a receita ficou mais simples, sem as frutas e as castanhas. Segundo Câmara Cascudo, o arroz-doce é uma sobremesa nacional.
“Alfajor” – é outra herança árabe. Os argentinos criaram os famosos biscoitos recheados com doce de leite e hoje o alfajor passou a ser conhecido como uma sobremesa argentina.
“Alfenim” - é mais um doce de origem árabe que agrada o paladar das crianças nordestinas. Branquinho, muito doce, de formas variadas, os alfenins eram vendidos nas feiras livres do interior brasileiro e as crianças adoravam.
Zappi afirma que por conta dos árabes os portugueses ganharam fama de ótimos doceiros. Os melhores doces vinham dos conventos e mosteiros. Acreditava-se que os doces elevavam o espírito de quem os comia e eram batizados com nomes “divinos” – “papo de anjo”, “toucinho do céu”.
E os doces brasileiros? Temos vários doces que utiliza o coco como ingrediente principal. “Quindim” – coco, açúcar e gema de ovos. “Baba de moça” – é outra sobremesa tipicamente brasileira. É um doce bem delicado, feito com a polpa do coco verde. Se pensarmos em cocada, a variada é muito grande.
Estamos ainda no ABC dos doces, há muitos outros. Da França, lembramos o “creme de chantilly”, “madeleine”, um bolinho perfumado com limão, celebrado por Marcel Proust no livro” No caminho de Swann”.
“Banana Split” e “Sundae” são sorvetes americanos que se caracterizam pelo alto teor calórico e muito açúcar.
“Wagashi” é um doce tradicional do Japão levemente adocicado. Para os japoneses, tomar chá comendo “wagashi” é uma maneira de aguçar o espírito e buscar o equilíbrio da mente e do corpo.
A leitura de “Mil - Folhas” nos transporta para países distantes como a China e o Japão, à requintada cozinha francesa, aos sorvetes e cremes americanos e aos doces temperados dos árabes.
O livro traz fotografias de restaurantes antigos, cenas de ruas, interiores de confeitarias. São 147 ilustrações. Contém, ainda, informações sobre a descoberta do chocolate e conta com a apresentação da chef Mari Hirata.
Não poderia faltar referência à Confeitaria Dulca que, em 2009, completou 60 anos de atividades ininterruptas em São Paulo. A família Garonne veio de Torino (Itália) e criou raízes na cidade de São Paulo. A empresária Anna Maria Garrone Negrini desde 1951 está à frente dos negócio
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